CONCEITO
ALFA BRAVO é um evento performativo criado por António Guimarães Ferreira e agendado para 15 de Maio de 2022, que propõe um encontro entre os habitantes de Lisboa e o muro que liga Santa Apolónia à zona do Braço de Prata, em Lisboa. Num único dia, 150 pessoas pintarão este elemento arquitectónico criando uma corrente pictórica com 3.800m de comprimento.
Projetado pelo Arquiteto Troufa Real, comissionado pela Administração do Porto de Lisboa e erguido em 1998, este muro vê hoje a sua extensão original (Santa Apolónia -> EXPO’ 98), interrompida pela construção do empreendimento habitacional da Matinha. Apesar disso, passados quase 25 anos, mantém-se ainda sem interrupção significativa ao longo de quase 4 km.
No dia do evento, habitantes e usufrutuários da cidade são convocados, através de um prévio OPEN CALL público, a executarem a intervenção numa ação coletiva performativa que deixará, atrás de si, a pintura-vestígio do acontecimento.
Ao pintar cada um dos 3276 blocos, o corpo e sentidos do participante relacionam-se intimamente com o objeto, seu material, textura e dimensão. Cada bloco pintado é mais uma unidade ativada a caminho do resultado final, que tomará a forma de uma marcação, uma grande régua construída, simultaneamente, por todos.
Projetado pelo Arquiteto Troufa Real, comissionado pela Administração do Porto de Lisboa e erguido em 1998, este muro vê hoje a sua extensão original (Santa Apolónia -> EXPO’ 98), interrompida pela construção do empreendimento habitacional da Matinha. Apesar disso, passados quase 25 anos, mantém-se ainda sem interrupção significativa ao longo de quase 4 km.
No dia do evento, habitantes e usufrutuários da cidade são convocados, através de um prévio OPEN CALL público, a executarem a intervenção numa ação coletiva performativa que deixará, atrás de si, a pintura-vestígio do acontecimento.
Ao pintar cada um dos 3276 blocos, o corpo e sentidos do participante relacionam-se intimamente com o objeto, seu material, textura e dimensão. Cada bloco pintado é mais uma unidade ativada a caminho do resultado final, que tomará a forma de uma marcação, uma grande régua construída, simultaneamente, por todos.
O esquema cromático escolhido busca inspiração nas cores empregadas nas bandeiras do Código Internacional de Sinais, de onde o título, ALFA BRAVO, é retirado. "Alfa" e "Bravo" são as primeiras palavras do alfabeto fonético usado no ar, ou no mar, como referência que vence a distância e assegura a comunicação, independentemente da origem dos intervenientes.
Vermelho, Amarelo, Azul, Preto e Branco são cores contrastantes entre si e, por isso, facilmente identificáveis à distância. A este conjunto de cores acrescentámos o Verde, lembrando a necessidade de entender o espaço urbano num contexto mais alargado do que apenas as construções humanas, seus fluxos e motivações.
ALFA BRAVO assenta no ritmo marcado pela estrutura pré-existente: uma série de blocos com a mesma profundidade e comprimento desfilam paralelos ao Rio Tejo, num movimento ondulatório. A pintura cobre esta construção. Não altera a sua estrutura mas marca, através do contraste entre uma cor e outra, uma cadência que acompanha o cenário da cidade, reativando a obra que envolve e renovando a sua relação com o espaço urbano e com quem o habita.
Cada corpo mede, tridimensionalmente, o muro que, por sua vez, mede a cidade, numa sucessão de relações de escala. O resultado final deste dia de trabalho, convívio e partilha é uma linha cromática que se desenvolve com a cidade, ao longo de 3800 m em blocos de 90 cm, equidistantes. A intervenção reequaciona as características prévias do muro e autonomiza-se face à ação disponibilizando um novo percurso físico e sensorial cuja operabilidade se materializará nas possíveis relações entre transeunte, espaço e património.
Há muitas formas de viver o/no espaço público. Na longa pesquisa para este projeto, a permanência de pessoas em situação de sem-abrigo residindo junto ao muro foi uma realidade com que, inevitavelmente, nos deparámos. Se por um lado se tornou mais clara a esfera de invisibilidade que, teimosamente, rodeia estas pessoas, por outro, tomámos contacto com o empenhado trabalho feito por equipas multidisciplinares para as acompanhar no caminho para vivências mais seguras, autónomas e saudáveis.
Vermelho, Amarelo, Azul, Preto e Branco são cores contrastantes entre si e, por isso, facilmente identificáveis à distância. A este conjunto de cores acrescentámos o Verde, lembrando a necessidade de entender o espaço urbano num contexto mais alargado do que apenas as construções humanas, seus fluxos e motivações.
ALFA BRAVO assenta no ritmo marcado pela estrutura pré-existente: uma série de blocos com a mesma profundidade e comprimento desfilam paralelos ao Rio Tejo, num movimento ondulatório. A pintura cobre esta construção. Não altera a sua estrutura mas marca, através do contraste entre uma cor e outra, uma cadência que acompanha o cenário da cidade, reativando a obra que envolve e renovando a sua relação com o espaço urbano e com quem o habita.
Cada corpo mede, tridimensionalmente, o muro que, por sua vez, mede a cidade, numa sucessão de relações de escala. O resultado final deste dia de trabalho, convívio e partilha é uma linha cromática que se desenvolve com a cidade, ao longo de 3800 m em blocos de 90 cm, equidistantes. A intervenção reequaciona as características prévias do muro e autonomiza-se face à ação disponibilizando um novo percurso físico e sensorial cuja operabilidade se materializará nas possíveis relações entre transeunte, espaço e património.
Há muitas formas de viver o/no espaço público. Na longa pesquisa para este projeto, a permanência de pessoas em situação de sem-abrigo residindo junto ao muro foi uma realidade com que, inevitavelmente, nos deparámos. Se por um lado se tornou mais clara a esfera de invisibilidade que, teimosamente, rodeia estas pessoas, por outro, tomámos contacto com o empenhado trabalho feito por equipas multidisciplinares para as acompanhar no caminho para vivências mais seguras, autónomas e saudáveis.
Através de uma parceria com o NPISA – Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo de Lisboa, ALFA BRAVO incluirá a participação remunerada de um grupo de trinta pessoas em situação de sem-abrigo, nossa modesta contribuição no sentido de dar visibilidade ao combate diário contra a vulnerabilidade, o isolamento e a indiferença.
BIOGRAFIA ANTÓNIO GUIMARÃES FERREIRA
António Guimarães Ferreira (Lisboa, 1975) é artista e criador audiovisual. O seu trabalho investiga espaços e comunidades, fazeres e estares, numa deriva aberta à poesia e à reflexão, encarando a prática artística como um campo de experimentação para pensar e propor relações e afinidades entre espaços, objetos e corpos.
Obteve, em 2015, o primeiro lugar no concurso de arte pública Criarte e foi durante dois anos artista residente na Mart, um dos quais como bolseiro.
Entre 2016 e 2018 desenvolveu o projeto Moradia numa casa desabitada em Algés onde, através da escultura, instalação ou performance, cultivou uma prática de intimidade com um espaço fechado e os objetos nele contidos. Moradia apresentou a exposição individual no ghosts e recebeu a coletiva Nome do meio.
A participação em residências na Índia (Jaipur, 2017) e Coreia do Sul (Gwangju, 2018) possibilitou que o trabalho desenvolvido a partir de um território específico transmigrasse para o espaço público. A captação de imagens em movimento estabelece-se, a partir desta altura, como médium principal e as exposições de 2019, Visão Monocular e Farol, são fruto deste processo. Formas de circulação, distribuição e controlo, narrativas urbanas impostas ou criadas pela comunidade emergem de uma pesquisa íntima e quotidiana comprometida com a busca de parentescos, vínculos e analogias.
ALFA BRAVO, pensado e trabalhado ao longo dos últimos anos, é o seu primeiro projeto de arte pública de grande dimensão.
Obteve, em 2015, o primeiro lugar no concurso de arte pública Criarte e foi durante dois anos artista residente na Mart, um dos quais como bolseiro.
Entre 2016 e 2018 desenvolveu o projeto Moradia numa casa desabitada em Algés onde, através da escultura, instalação ou performance, cultivou uma prática de intimidade com um espaço fechado e os objetos nele contidos. Moradia apresentou a exposição individual no ghosts e recebeu a coletiva Nome do meio.
A participação em residências na Índia (Jaipur, 2017) e Coreia do Sul (Gwangju, 2018) possibilitou que o trabalho desenvolvido a partir de um território específico transmigrasse para o espaço público. A captação de imagens em movimento estabelece-se, a partir desta altura, como médium principal e as exposições de 2019, Visão Monocular e Farol, são fruto deste processo. Formas de circulação, distribuição e controlo, narrativas urbanas impostas ou criadas pela comunidade emergem de uma pesquisa íntima e quotidiana comprometida com a busca de parentescos, vínculos e analogias.
ALFA BRAVO, pensado e trabalhado ao longo dos últimos anos, é o seu primeiro projeto de arte pública de grande dimensão.